Categorias: Questões Operacionais / Aeromédicas
Conteúdos:
2
Causas da Intoxicação Alimentar
2.1
Bactérias
2.2
Exotoxinas (veja
o significado aqui)
2.3
Micotoxinas (veja o
significado aqui)
2.4
Vírus
2.5
Parasitas
2.6
Toxinas Naturais
3
Período de Incubação
4
Ameaças
5
efeitos
6
Cenários
7
Defesas
8
Soluções
9
Tratamento da intoxicação alimentar
10
Acidentes & Incidentes
11
Artigos relacionados
12
Leitura adicional
Definição
Intoxicação
alimentar é toda doença resultante do consumo de alimento contaminado. Ela pode
afetar o desempenho de um membro da tripulação no exercício das suas funções e,
em casos graves, a intoxicação pode resultar na incapacitação. A intoxicação
alimentar acontece como consequência do manuseio, preparação e armazenamento
impróprios do alimento.
A
incapacitação de tripulante devido à alergia ao alimento é abordada em um
artigo separado
Bactérias
As
bactérias são uma causa comum da intoxicação alimentar. Os patógenos
bacterianos transmitidos por alimentos mais comuns e que respondem pela maioria
das infecções prejudiciais, são:
- Campylobacter,
- Salmonella, e
- Escherichia coli.
![]() |
Bactérias da Salmonella. Fonte: Wikipedia
|
Exotoxinas
Além
da doença causada pela infecção bacteriana direta, algumas doenças transmitidas
pelos alimentos são causadas pelas exotoxinas que são expelidas enquanto a
bactéria cresce. Exotoxinas podem produzir doença mesmo quando os micróbios que
as produziram foram mortos. Os sintomas aparecem normalmente após 24 horas
dependendo da quantidade de toxina ingerida. As Toxinas geralmente encontradas
incluem:
Botulinum de Clostridium - botulismo raro, mas doença potencialmente mortal que
ocorre quando a bactéria anaeróbica botulinum de clostridium cresce em
alimentos pouco ácidos inadequadamente enlatados e produz o botulin, uma
poderosa toxina paralitica.
O Staphylococcus aureus produz uma toxina que causa vômito intenso.
Micotoxinas
O
termo 'micotoxina' é geralmente reservado para os produtos químicos tóxicos
produzidos por fungos (mofo). Os efeitos na saúde incluem a morte, doenças
identificáveis ou problemas de saúde, sistemas imunológicos enfraquecidos sem
especificidade a uma toxina, e como alergênicos ou irritantes. As Micotoxinas
podem aparecer na cadeia alimentar em consequência de infecção fungosa de
culturas, tanto sendo ingeridas diretamente por seres humanos ou sendo usadas
como alimentação de rebanho. As Micotoxinas resistem extremamente à
decomposição ou a serem quebradas na digestão, então elas permanecem na cadeia
alimentar na carne e nos produtos laticínios. A ingestão de cogumelos
incorretamente identificados que contêm micotoxinas pode resultar em
alucinações.
Vírus
As
Infecções Virais compõem talvez 1/3 dos casos de intoxicação alimentar nos
países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, mais de 50% dos casos são virais e os
norovírus são as doenças de origem alimentar mais comuns causando 57% dos
surtos em 2004. A infecção viral transmitida por alimento é geralmente de
período intermediário de incubação (1-3 dias), causando doenças que são
autolimitadas a indivíduos sob outros aspectos saudáveis, e são similares às
formas bacterianas descritas acima.
Parasitas
Os
Parasitas podem estar presentes no alimento ou na água. Variam de tamanho, indo
dos organismos unicelulares minúsculos aos vermes (por exemplo a solitária)
visíveis a olho nu. As doenças que podem causar vão desde um leve desconforto à
doença debilitadora e possivelmente à morte.
Toxinas Naturais
Diversos
alimentos podem naturalmente conter toxinas, muitas das quais não são
produzidas por bactérias. Os exemplos incluem feijão comum (as toxinas são
destruídas cozinhando) e marisco, particularmente moluscos bivalves
(filtradores) como mexilhões, ostras e amêijoas (conhecidos como marisco-pedra
ou berbigão). Os sintomas podem aparecer de 10 minutos a 30 minutos depois da
ingestão e incluem náusea, vômito, diarreia, dor abdominal, boca seca, discurso
confuso ou fala mal articulada e a perda da coordenação. Em casos mais graves,
os sintomas neurológicos podem levar muitas horas ou até três dias para
aparecerem. Pessoas contaminadas com doses elevadas da toxina, ou aqueles nos
grupos de risco elevado tais como os mais velhos e pessoas com doenças
pré-existentes podem morrer.
Período de
Incubação
O
longo período de incubação de muitas infecções transmitidas por alimentos tende
a levar os doentes a atribuírem seus sintomas à gastroenterite. Se os sintomas
ocorrerem dentro de 1-6 horas após ter ingerido o alimento, isso sugere que é
causado por uma toxina bacteriana ou natural, ou por um produto químico, e não
por bactérias vivas. Se os sintomas ocorrerem muito rapidamente após ter
ingerido o alimento, isto é, dentro de minutos, então a causa pode ser uma
alergia e não intoxicação alimentar.
Intoxicação
alimentar em consequência de comer alimento ou água contaminada antes de
começar a trabalhar. Intoxicação alimentar em consequência de ingerir alimento
ou água contaminada durante o voo.
Os efeitos da intoxicação alimentar
podem incluir:
Náusea
e vômito;
Fortes
dores abdominais;
Diarreia;
Dor
de cabeça;
Febre.
Casos graves podem levar a:
Choque;
Alucinação;
Desmaio/Perda
da consciência.
- A
tripulação faz as refeições junto durante seu período de descanso. Diversos
membros da tripulação experimentam problemas de estômago antes de se
apresentarem para o voo. O comandante procura auxílio médico de um doutor
qualificado em medicina aeroespacial e, após conversa com a companhia, o voo é
cancelado.
- Durante
o voo, o comandante não se sente bem e é forçado a sair da cabine de comando
por prolongados períodos. O copiloto começa a experimentar sintomas similares e
tem dificuldade em executar ações rotineiras. A tripulação inicia um desvio
para o aeroporto adequado mais próximo.
Saúde
boa - o corpo humano encontra as bactérias e toxinas potencialmente
prejudiciais de forma contínua, e os sistemas digestivo e imunológico do corpo
geralmente controlam-nas sem que haja quaisquer efeitos adversos. Entretanto,
as pessoas com problemas de saúde preexistentes, e aqueles sistemas
imunológicos fracos são mais vulneráveis.
Higiene alimentar - A observação de princípios da segurança do alimento
reduz a probabilidade da intoxicação:
1
- Previna a contaminação do alimento por patógenos que se espalham a partir das
pessoas, dos animais de estimação e de pestes;
2
- Separe alimentos crus e cozinhados para impedir que contaminem os alimentos
cozinhados;
3
- Cozinhe alimentos durante tempo apropriado e na temperatura certa para matar
os patógenos;
4
- Armazene o alimento na temperatura adequada;
5
- Use água limpa para cozinhar.
Higiene pessoal - Lave sempre as mãos antes de segurar o alimento.
Tripulações
sofrem frequentemente de intoxicação alimentar ao comer fora quando não pernoitam
na base:
1
- Se estiver em dúvida sobre a higiene de uma lanchonete ou de um restaurante, não
coma.
2
- Em um local onde a água não seja potável, evite saladas, frutas e gelo.
3
- Coma sempre alimentos cozidos recentemente.
4
- Assegure-se de que toda a carne e o peixe esteja cozinhado completamente.
5
- Evite mariscos.
6
- Os pilotos devem comer refeições diferentes.
No voo:
- A
tripulação de voo deve comer pratos diferentes quando as refeições de bordo forem
servidas;
- Os
pilotos na cabine devem comer em horas diferentes - um intervalo de pelo menos
de 30 minutos é aconselhável.
1
- Ajude a vítima a deitar-se e descansar em uma posição confortável;
2
- Incentive a vítima a beber muito líquido;
3
- Forneça sacos de enjoo e lenços de papel;
4
- Mantenha a vítima aquecida;
5
- Incentive a vítima a não comer nada;
6
- Ofereça a vítima um remédio para diarreia ou sachês de reidratação
(Dioralyte);
7
- Se a vítima entrar em choque devido à desidratação então trate o choque;
8 -
Se a vítima ficar inconsciente, siga as orientações para tratamento de vítima
inconsciente - procure conselho médico e considere pousar no aeródromo
apropriado mais próximo para conseguir auxílio médico.
Eventos
na base de dados da SKYbrary listam a Intoxicação Alimentar como fator causal:
B763,
Atlanta Geórgia, EUA 2009 (em 19 de outubro de 2009, Boeing 767-300 sendo
operado pela Delta Airlines em um voo de passageiros programado do Rio de
Janeiro a Atlanta pousou inadvertidamente no destino, em noite de condições
meteorológicas visuais na taxiway 'M' paralela à pista 27R (27 da direita) que
era a pista de pouso pretendida e autorizada pelo Controle de Tráfego Aéreo. Nenhum
dos 194 ocupantes foram feridos e não houve nenhum dano ao avião e nem conflito
com outros tráfegos ou veículos. O terceiro membro escalado da tripulação tinha
ficado incapacitado em rota e, em consequência, nenhum dos outros pilotos
tinham podido descansar em voo.)
Incapacidade
de tripulante
Alergia
alimentar
Perigos
Biológicos - Orientação para a Tripulação de Cabine
- CAP
757: Saúde Ocupacional e Segurança a bordo de Aeronaves - Orientações sobre Boa
Prática, 2012.
Categorias:
Assuntos Operacionais / Aeromédicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário