sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Incapacitação de tripulante de voo - Parte 2


Incidents in Air Transport

Número 2 – fevereiro de 2011
Incapacitação de tripulação de voo

Hipoglicemia

Hipoglicemia é revelada pela aparição de sintomas de vários tipos, refletindo uma falta de glicose no cérebro. Os sintomas geralmente aparecem em níveis de glicose no sangue inferiores a 0,50 g/l. Na ausência de uma disfunção do metabolismo da glicose ou de esforço físico extenuante, os níveis de açúcar no sangue diminuem gradualmente.
Pode ser causada pela deficiente reposição devido à pouca ingestão de comida, ou por uma patologia orgânica mais grave.
Os sintomas da hipoglicemia assumem muitas formas. A perda da consciência geralmente reflete uma deficiência significante de glicose. Ela pode ser precedida de enfermidades cognitivas insidiosas, induzindo a um estado sútil de incapacitação sem qualquer consequência aparente para o voo. A hipoglicemia também pode se manifestar como agitação, até mesmo agressão, tornando o sujeito perigoso para outras pessoas.

Primeiro caso
Histórico do Voo
No final da noite, a tripulação tinha realizado um voo de reposicionamento que durou 35 minutos.
Antes do próximo voo — a primeira perna comercial da viagem de ida e volta — o tempo da escala foi prolongado pelo atraso no embarque de um passageiro.
No final da manhã, um comissário de voo levou as bandejas das refeições para a tripulação, mas o comandante desmaiou quando começou a comer.
Um médico, atendendo a um pedido da cabine, receou ser um problema cardíaco.
O copiloto declarou emergência para o ATC e desviou a aeronave.

Informações adicionais
Os exames médicos realizados no comandante no hospital revelaram hipoglicemia. O voo de posicionamento no final da noite e a falta de ingestão de alimento para atender às necessidades do corpo até que o café da manhã reforçado fosse servido indicaram que o comandante estava utilizando suas reservas.

Lições aprendidas
Hipoglicemia é frequentemente suscitada quando as pessoas se sentem mal repentinamente, mas é raramente confirmada porque os mecanismos de regulagem do organismo geralmente compensam a queda temporária.
A pergunta aqui é por que a deficiência de glicose persistiu por tanto tempo a ponto de causar uma indisposição duradoura que ainda era observável horas depois, durante os exames médicos no hospital?

Segundo caso
História do voo
Enquanto em cruzeiro, o comandante, piloto em instrução, reclamou de dores abdominais. Começou a ignorar de forma intermitente as comunicações do rádio e as perguntas do copiloto. Seu discurso se tornou mais e mais incoerente. O copiloto decidiu desviar a aeronave.
Durante a aproximação final, o comandante ficou mais agitado e começou a agir agressivamente com o copiloto. A comissária teve que imobilizá-lo no assento e supervisioná-lo até que a aeronave pousasse.

Informações adicionais
Os testes realizados no hospital revelaram um nível de glicose de 0,37 g/l, correspondendo à hipoglicemia grave. O comandante foi declarado apto para dispensa dos seus serviços devido ao diabetes, que foi tratado com o uso de medicamentos de via oral para a diminuição da glicemia da classe dos binaguidas por 15 anos. Uma crise similar havia acontecido um ano antes. O comandante recebeu insulina imediatamente após o incidente.


Lições aprendidas
Pilotos diabéticos devem esforçar-se para manter a ingestão de glicose regular e suficiente a despeito dos às vezes complicados ritmos de trabalho nos voos de curta e média duração. Uma queda excessiva da glicemia devido à ação de medicação é difícil para o corpo compensar sem a ingestão de comida rica em açúcar. Isso expõe o piloto ao risco da incapacitação, tornando-o incapaz, possivelmente de forma sútil, de realizar as tarefas de pilotagem. Os agentes da hipoglicemia sulfonilureia e a insulina aumentam esse risco. Elas são proibidas para o combate do diabetes mellitus na tripulação de voo. Devido ao período prolongado de tratamento do diabetes pelo qual o piloto passou, seu tratamento talvez tenha sido ajustado com o tempo, talvez envolvendo a prescrição de medicamentos proibidos tais como aqueles mencionados acima. Neste contexto, o comandante pode ter deixado de reportar a mudança no tratamento, especialmente para não perder sua certificação.

Lições comuns
Refeições irregulares podem ter impacto significativo no equilíbrio da glicose no sangue, especialmente em diabéticos, que podem não estar cientes da sua condição. No primeiro caso, os efeitos do jejum podem ter sido acentuados pela mudança do ciclo trabalho-descanso para a parte da manhã. No segundo, a intensidade e a duração da hipoglicemia podem ser explicadas pela ingestão regular de medicações sem a adequada ingestão de comida. Em todo caso, a possibilidade de uma mudança não reportada no tratamento deve ser considerada. A perda de consciência descrita no primeiro caso é o mais sério sinal conhecido de hipoglicemia. Agitação agressiva, embora menos conhecida, pode ser até mesmo mais perigosa.


Um comentário:

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